sábado, 23 de janeiro de 2010

Estranhos

Estranhos pensamentos que circudam minha mente e muito provavelmente divergem da verdade absoluta. Nada sei sobre esses estranhos que rodeiam a cidade. Uma senhora passa em frente aos meus olhos míopes, vejo sua imagem levemente distorcida e me pergunto: qual é a sua história? Não sei nada sobre ela e provavelmente nunca saberei, se quer tornarei a postar meu olhar falho em sua pessoa. Almas perpassam à minha frente e não me vêem, mas eu as vejo, reluzidas no vulto borrado da minha imaginação. Algumas são azuis, outras magenta, tem umas que brilham, umas são foscas e outras são pedras. Algumas histórias passam defronte à mim mais de uma vez, mas é muito rápido, não as leio. Nada sei das marcas que guarda seu coração. Desejos? Aspirações? Vida? Família? Só imagino, e assim crio novos personagens, que são reais em parte, que poderiam ser reais, que podem, ainda, o ser.
Como serei eu quando encontrar o que procuro?

Sobre o Sol e a Lua

Duas historietas fantastiques.

"... Dizem que o sol e a lua já foram enamorados, porém as estrelas, com ciúmes do sol, fizeram um feitiço para que os dois não mais se encontrassem. Desse modo a lua seria das estrelas somente... Todo dia o sol vem procurar a lua, mas não a encontra e toda noite a lua canta a ausência de seu amado. Aos poucos os dois vão morrendo distantes, por causa das estrelas ciumentas."

"O sol doura a cidade e brinca com a sombra ao se despedir do céu. "Vou de encontro à lua"- diz às nuvens todas as tardes. Percorre sempre o mesmo caminho, procurando a magnífica luz tímida e esbranquiçada. Toda noite a lua suspira, passa horas a olhar o mar, tão imenso, tão azul. Tem a Terra como sua fiel companheira e dança com o oceano valsas nostálgicas do tempo que era uma só.
Ela é um farol grandioso à procura da sua outra metade. Todas as noites pergunta aos navegantes onde está o sol. Mas eles não a compreendem. A lua pressente que o sol está em algum lugar nas proundezas das águas, um local tão fundo que seu brilho amarelado se ofusca na densa escuridão.
Lembro-me de um dia que nadava à procura de comida quando um clarão enorme adentrou a água negra: era a lua à procura do sol. Suas lágrimas aumentaram o volume dos mares de tal modo que ondas gigantescas balburdiavam as praias. Nesse dia a vi indo tão fundo que temi por ela, mas logo em seguida ela surgiu resplandecente. Estava maior e amarelada e trazia consigo um sorriso. Havia encontrado o sol, finalmente. E os dois emergeram ao céu e, desde então, não mais se separaram." - memórias de uma baleia jubarte.